Nas cidades romanas, o Fórum era o espaço destinado a acolher as manifestações mais importantes da sociedade, era o cenário da atividade política, econômica, religiosa e judicial da cidade. Desde 2001, o estúdio de arquitetura dirigido por Lola Domènech e arqueólogos especializados planejam a necessidade de adequar museograficamente todo o conjunto arqueológico, já que um dos principais problemas detectados era que o visitante não poderia reconhecer com clareza as diferentes zonas, espaços e edifícios que conformavam o Fórum.
Sob dois objetivos principais: garantir a conservação das estruturas originais através de restaurações necessárias e facilitar aos visitantes de Empúries o acesso e a correta interpretação do conjunto monumental da área do Fórum, o projeto pretende, basicamente, recriar a atmosfera da ordem que impera na cidade romana.
Conheça mais detalhes sobre o projeto, a seguir.
Antecedentes históricos / estado original
Descrição da arquiteta. O Fórum romano de Empúries, situado ao sul da Bahia de Roses, é um dos patrimônios histórico-culturais mais relevantes do Mediterrâneo. Com esta intervenção se recuperou um dos espaços mais importantes da antiga cidade romana.
Empúries é o único sítio arqueológico da península ibérica onde convivem os restos de uma cidade grega - Emporion - com os restos da cidade romana criada no início do século I a.C.
A cidade romana se situa na parte mais alta e plana da colina de Empúries, dominando a área de um dos portos mais antigos do Mediterrâneo e da antiga cidade grega. A ocupação mais antiga da cidade romana data do século II aC. e corresponde a um acampamento militar que serviu para garantir a presença romana nessa região, base para iniciar a conquista do território.
A posterior fundação da cidade no início do séc I a.C. se concretizou com a definição do perímetro da muralha e de uma trama urbana ortogonal, com quadras retangulares separadas por seis grandes ruas longitudinais e outras transversais. Esse planejamento urbano incluía também a reserva de um espaço público (o Fórum) onde, com o passar do tempo, se construíram as diferentes edificações que conformariam o centro cívico-religioso da cidade romana. Em planta, este espaço ocupava uma extensão de quatro quadras e se situava na confluência de dois eixos viários principais, o cardus e o decumanus máximos.
Nas cidades romanas, o Fórum era o espaço destinado a acolher as manifestações mais importantes da sociedade, era o cenário da atividade política, econômica, religiosa e judicial da cidade.
O Fórum era uma grande praça aberta que articulava, ao seu redor, uma variada tipologia de edifícios destinados às diferentes funções. O grande templo central (templum) e o pequeno santuário (sacellum), a basílica para a administração da justiça, a sala para as reuniões do governo municipal (curia), o arquivo da cidade (tabularium), os locais para as transações comerciais (tarbernae), e os grandes pórticos que rodeavam o espaço central da praça e conferiam identidade e personalidade ao Fórum.
Análise e problemática
Uma vez finalizadas as escavações do Fórum, no ano de 2001, surge a necessidade de adequar museograficamente todo o conjunto arqueológico.
Antes de iniciar o projeto de adequação do Fórum romano, a equipe de arquitetos e arqueólogos realizou um longo processo de análise para detectar os problemas principais do conjunto e poder definir assim as diretrizes de intervenção.
Um dos maiores problemas encontrados era que o visitante não podia reconhecer com clareza as diferentes zonas, espaços e edifícios que conformavam o Fórum. O visitante também não conseguia detectar os eixos principais do cardus e o decumanus.
Além disso, havia um grande problema de acessibilidade e falta de percursos dentro do espaço: além de inacessível, o conjunto do Fórum era perigoso, devido à irregularidade dos níveis resultado das próprias escavações arqueológicas e da erosão das chuvas.
Objeto de intervenção
Uma vez analisados e detectados os problemas, foram estabelecidos os objetivos chaves para levar a cabo a intervenção: em primeiro lugar, conservar e preservar as ruínas arqueológicas; e em segundo lugar, era necessário tornar o conjunto acessível, visitável e compreensível.
Foi dado atenção especial ao tratamento dos materiais adequados, tanto para garantir o respeito às ruínas originais como para seu entorno.
- Pedra natural para as distintas reproduções de elementos arqueológicos.
- Pavimentos drenantes de diferentes tipos para cada uma das áreas do Fórum.
- Madeira especial para exteriores (sobre estrutura de aço cortén) em todos os acessos (escadas, rampas...)
- Madeira para as estruturas da cobertura do pórtico
- Grades em aço cortén
Critérios de intervenção
O projeto apresenta quatro aspectos fundamentais:
- Desfazer todas as reproduções errôneas executadas em intervenções arqueológicas anteriores
- Consolidar, restaurar e reconstruir alguns dos elementos arqueológicos mais significativos e relevantes.
- Recuperar os níveis originais do assentamento e sugerir de forma sutil como eram os diferentes espaços arquitetônicos que configuravam o Fórum Romano. Trata-se de mostrar e potencializar os elementos emblemáticos que configuravam a arquitetura romana com um tratamento diferenciado de pavimentos drenantes em cada uma das áreas.
- Finalmente, adequar o itinerário dos visitantes dentro e no entorno das ruínas. Os novos acessos de pedestres se colocam estrategicamente sobre os antigos eixos, potenciando com clareza a ideia da ordem cartesiana definida basicamente pelos dois eixos principais: o cardo máximus (N-S) e o decumanus máximus (L-O)
O visitante poderá agora entender de forma clara, a relação entre os diferentes espaços que conformavam o Fórum: a praça, o ambulacro, as tabernae, a basílica, a curia, o templo, o jardim e o criptopórtico. O projeto pretende, basicamente, recriar a atmosfera da ordem que reinava na cidade romana.
Resultados
A intervenção permitiu alcançar os seguintes resultados:
- A recuperação e conservação de todas as ruínas originais
- A melhoria e adequação do percurso para o público
- A melhoria da compreensão dos diferentes espaços que integravam o conjunto do Fórum
- A intervenção é respeitosa e sensível às ruínas originais e à paisagem
- A disposição de um novo cenário para atividades lúdicas (concertos, teatros, dança, poesia...) em um entorno excepcional.
Arquitetos: Lola Domènech - em colaboração com a equipe de arqueólogos do MAC (museu de arqueología de cataluúnia)
Colaboradores projeto: Ignasi Ribas - estrutura / Julian Ríos - engenheiro
Direção de obra: Lola Domènech (arquiteta) e equipe de arqueólogos do MAC / Josep Luís Reventós (engenheiro)
Promotor: Departamento de patrimônio - prefeitura de catalunya
Área: 7.435 m²
Localização: Empúries, Girona, Espanha
Projeto: 2000/2001/2007
Execução: 2008/2009
Fotografias: Adrià Goula / MAC
Pré-Finalista - XI BEAU. Bienal espanhola de arquitetura e urbanismo
Selecionado - Premis Fad 2010 / Finalista prêmios Girona 2010
Selecionado - VI Bienal Europea del Paisatge-Barcelona